Encontrei-me no outro dia, no comboio sentado, a olhar para uma mulher, uma mulher que não sequer achava ser bonita, no entanto apercebi-me que estava mesmo "colado" nela.
Pensei o que a tornou interessante nessa altura, apercebi-me que nada que ela fez me despertou, ela, uma mulher a viver a sua vida, incauta, no seu mundo, a olhar pela janela como que alienada de tudo.
E eu, eu que tentava encontrar expressões delas que me dissessem mais dela, sem vontade sequer de a conhecer mas, ao mesmo tempo, tentado conhece-la pelas suas expressões, criei dela uma vida, imaginei o que estaria a pensar, imaginei o que iria fazer, imaginei a vida dela, criei a vida dela em mim.
Agora penso, faço isso todos os dias com alguém, não sei se sou diferente dos outros mas a verdade é que desta forma não tenho como não ter expectativas das pessoas, antes de as conhecer já lhes sei a vida toda, uma vida criada em mim, uma vida errada, mas a vida que conheço delas.
Talvez eu tenha uma imaginação demasiado fértil, talvez eu tenha algum poder ou algo que o valha de conhecer as pessoas só pela interpretação (o que é muito pouco provável), ou talvez eu seja simplesmente um parvo a olhar para as pessoas tentando conhecê-las sem nexo algum.
Estranhas personalidades
Estranhas estas vidas
Por mim observadas
De pessoas desconhecidas
Para tal não preparadas,
Passado alguns momentos
Suas vidas estão imaginadas
Descobertos seus sentimentos
De formas em nada erradas,
Pessoas e espaços aleatórios
Fontes de inspiração sem final
Sem nada de inglório
No seu estado emocional.
Estranhas estas vidas
Por mim observadas
De pessoas desconhecidas
Para tal não preparadas,
Passado alguns momentos
Suas vidas estão imaginadas
Descobertos seus sentimentos
De formas em nada erradas,
Pessoas e espaços aleatórios
Fontes de inspiração sem final
Sem nada de inglório
No seu estado emocional.
Dedicado a alguém que disse um dia que eu era um excelente observador!